O outro lado do Algarve brinda-nos com um vasto e rico património etnográfico. Tradições seculares enraizadas, hábitos que perduram e lendas que continuam a povoar o nosso imaginário merecem ser descobertos e partilhados.
1. Lenda das Amendoeiras em Flor
O rei Ibn-Almundim casou com Gilda, uma princesa, do Norte da Europa, que vivia triste com saudades das suas terras cobertas de neve. Não a querendo ver triste, o rei plantou, em todo o seu reino no Algarve, amendoeiras para que, quando chegasse a primavera, as árvores estivessem carregadas de flores brancas, de tal modo que parecesse que tinha nevado. Gilda terá ficado curada da saudade que sentia. Em Fevereiro, não perca a próxima edição do recém-criado Festival das Amendoeias em Flor.
2. Lenda da Floripes
Reza a lenda que Floripes, uma moura encantada, deambula todas as noites, triste e sem destino, pela vila de Olhão. Enfeitiçava os pescadores de forma a quebrar o feitiço que a aprisionava. Mas os pobres pescadores morriam ao tentar atravessar o mar. Diz-se que pela noite fora, uma formosa mulher vestida de branco continua a aparecer. Saiba mais acerca desta, e de outras lendas de Olhão, através do Caminho das Lendas, um percurso pedonal que atravessa a zona histórica de Olhão.
3. Museu do Traje do Algarve
Este museu localiza-se no interior algarvio, em São Brás de Alportel. Instalado num palacete dos finais do século XIX, permite apreciar, além da coleção de trajes, veículos tradicionais, alfaias agrícolas e arte popular. Vale a pena a visita.
4. Falar Algarvio
Mais do que um sotaque, o falar algarvio reflete uma forma de ser e de estar. Conversas ritmadas enfeitadas com ditados tradicionais e famosas pragas, irónicas e mordazes, com laivos de superstição. Uma herança que nos embala no tempo.
5. Maios ou Maias
No Algarve, em muitos lugares, é costume, no primeiro dia de maio, criarem-se os Maios ou Maias, enfeitá-los e colocá-los na rua. Trata-se de bonecos e bonecas representando pessoas, em tamanho natural, cheios com palha, trapos, jornais amachucados e vestidos com roupa usada. São feitos pelas populações com simplicidade e improvisação, comummente acompanhados de reproduções de animais, objetos de uso comum, encenando atividades quotidianas, com dizeres a propósito em prosa ou verso. Bonecos ou personagens vivas como as Maias (já menos frequentes) são reminiscências de costumes arcaicos ligados ao fim do Inverno e ao eclodir da Primavera que assinalavam a renovação da natureza e simbolizavam o poder fecundante da vegetação que desabrocha.
6. Leva-leva
O leva-leva é um cântico de trabalho usado pelos pescadores algarvios nas horas da pesca, sobretudo a da sardinha. Tem como objetivo, além do habitual gesto de camaradagem que é o canto em comunhão, instigar e pautar e coordenar os movimentos usados pelos pescadores na recolha das pesadas redes de pesca de volta para as traineiras, já com o peixe a reboque – daí poder durar mais de uma hora a ser cantado, sem pausas nem descansos. Para saber mais, consulte o site Portugal num Mapa e desfrute do excerto de um Leva-leva.
7. Festa do banho 29
A festa realiza-se com uma frequência anual, normalmente no dia 29 de Agosto. É celebrada em vários pontos do Algarve, tanto no Barlavento como no Sotavento, sendo uma reminiscência da antiga romaria que os camponeses realizavam até às praias, onde se banhavam uma só vez, e que segundo o dito popular “valia por 29.” Os participantes costumam, assim, banhar-se vestidos com trajos antigos. Não perca esta data para ir a banho!
Descobrir os costumes do Algarve e viver as suas tradições é mergulhar em experiências memoráveis.